Aumento de roubos obriga prédios a adotarem mais segurança

Publicado em 11 de agosto de 2002 – Jornal do Brasil
A Princesinha do Mar cada vez mais se esconde atrás das grades. O registro de 54 roubos a residências em Copacabana apenas nos seis primeiros meses do ano fez com que o bairro assumisse a liderança deste tipo de crime na cidade. ,Com isso, cresceu o número de prédios que adotaram o artifício para se proteger dos bandidos. Em alguns pontos, como nas ruas Ministro Viveiros de Castro e Anita Garibaldi, o obstáculo já pode ser observado isolando quase a metade das construções.
“Na Zona Sul é fácil perceber que Copacabana é o bairro que mais adotou o recurso”, diz Sonia Ferraz, professora do Departamento Arquitetura da Universidade Federal Fluminense (UFF), que desenvolve uma pesquisa intitulada Arquitetura da Violência.
Nos prédios mais antigos, como os da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, cujas portarias têm dimensões mínimas, as grades lembram pequenas jaulas. De acordo com o pesquisador Isnard Martins, do Instituto de Tecnologia e Segurança Pública da PUC,as grades dos edifícios daquele trecho têm sido os mais criticados pelos especialistas em urbanismo. Dos 54 assaltos registrados este ano, 15 ocorreram na rua. “As grades não vão resolver o problema da violência. O espaço público é para ser usufruto por todos”, critica Alfredo Luiz Britto, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.

“Com 54 casos em seis meses, bairro lidera estatística de assaltos”.

Nem a prefeitura nem as associações de moradores dispõem de estatísticas sobre o número de prédios que colocaram grades. Isso porque, quando são colocas na área de alinhamento do imóvel, não há necessidade de autorização da Secretaria Municipal de Urbanismo. “Se desejasse, o morador poderia construir até mesmo um mu- ro”, explicou Annelise Gramacho, assessora da Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização Urbanística. A consulta só é obrigatória se a grade prevista avançar na calça- da. Cada caso é apreciado isoladamente pelos arquitetos. Mas, de um modo geral, a autorização só é concedida se, após a colocação da grade, a calçada ficar com, no mínimo, três metros de largura. A permissão pode, no entanto, pode ser revogada a qualquer momento.