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MÍDIA: Revista | VEÍCULO: IstoÉ Dinheiro | DATA: 09/06/2004 | CADERNO: | PÁGINA:
Temas
Preço da segurança
Arquitetura e mercado
Notícia
A falta de segurança nas grandes cidades do País leva os ricos a negociar suas residências. A indústria de imóveis de luxo está em polvorosa. Nunca tantas mansões estiveram à venda pelo País. São casas, e muitas vezes apartamentos, que não saem por menos de R$ 3 milhões. A Embraesp faz pesquisas periódicas dos lançamentos imobiliários em São Paulo. De acordo com um estudo da empresa, nos últimos quatro anos foram lançados 262 casas e apartamentos de alto luxo na capital paulista com preços a partir de US$ 1 milhão – isso mesmo, um milhão de dólares – o equivalente a R$ 3 milhões. Há vinte anos, esse número era nulo. “O maior número de mansões à venda ainda está em São Paulo”, conta Fábio Pacheco, diretor da Rede Imobiliária Brasileira.(…) Como a do empresário Eduardo Souza Ramos, representante da Mitsubishi Motors no País. A casa, de 2.100 metros quadrados, ocupa um terreno de 3 mil metros quadrados, localizado em uma rua sem saída no bairro do Morumbi, um dos redutos dos milionários paulistanos. Só de IPTU são R$ 27 mil por ano. Todo esse pacote de conforto está disponível a quem se dispuser a pagar R$ 13 milhões pelo imóvel, que aguarda o novo dono. O discreto Souza Ramos, o proprietário, continuará morando no bairro, mas em um condomínio de apartamentos de luxo, o mesmo para onde está indo o banqueiro Olavo Setubal, do Itaú – ele também com a casa à venda. Essa mesma trilha, do chão de uma residência para os andares de um prédio, será seguida pelo empresário Paulo Villares. Eis o novo estilo de vida de quem deixa os casarões para trás, junto com as lembranças: a mudança para apartamentos luxuosos.(…) Mas por que, afinal de contas, os ricos estão deixando as casas de luxo em busca de edifícios ou condomínios fechados? A resposta: medo da violência. É um fenômeno nacional, que atinge todos os grandes centros urbanos.(…) “Hoje, não há ninguém no Rio, por mais dinheiro que tenha, que seja louco o bastante para construir uma mansão fora de um condomínio fechado”, afirma o corretor carioca José Figueiredo. A tese é comprovada em outros Estados. “As mansões localizadas à beira da lagoa da Pampulha estão pela metade do preço”, diz o empreiteiro mineiro Rubens Menin, diretor da MRV Engenharia. “Em Belo Horizonte, quem tem dinheiro está indo morar em prédios ou em condomínios de casas de luxo.”(…) As piscinas espetaculares parecem refletir uma certeza: é um pedaço da economia que anda bem das pernas, em frenética movimentação. “Apesar do grande volume de mansões em oferta, sempre há demanda para comprá-las”, diz Fábio Pacheco, da Rede Imobiliária Brasileira. “Esse é um mercado onde a palavra crise não existe.”