Autora
Profª Drª Sônia Maria Taddei Ferraz
Co-autores
Liebert Bernardo Rodrigues Ferreira Pinto – Bolsista de Iniciação Científica FAPERJ
Nicolle Peres Cardoso – Bolsista de Iniciação Científica PROPPi/UFF
Evento
– III Seminario Internacional de Derechos Humanos, Violencia y Pobreza – Montevideo, 24-26 de novembro de 2010
Resumo
O objetivo neste trabalho é analisar recentes medidas de limpeza e embelezamento da cidade do Rio de Janeiro, no quadro de políticas públicas nos anos de 2009 e 2010, explicitadas pela construção de muros e implantação de postos de polícia pacificadora, as UPPs, nas maiores favelas cariocas, e pela velha política de remoção de outras moradias faveladas em supostas áreas de risco. Estas surgem como se fossem consequências inevitáveis dos desabamentos decorrentes das chuvas de abril de 2010, na região metropolitana do Rio de Janeiro. O discurso unilateral veiculado pela mídia aponta a promoção da segurança das elites, através de intervenções, ora de guetificação, confinamento e controle, ora de gentrificação da população favelada, coincidindo, não por acaso, com os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016. São medidas que podem ainda ser analisadas como políticas de distribuição dos espaços a serviço do mercado imobiliário. Entende-se que, desta forma, o poder público se encarregar de ocultar os pobres e miseráveis instalados pela cidade, valorizando as áreas entorno das favelas muradas e monitoradas pela polícia pacificadora, ou de expulsá-los para áreas periféricas, para mantê-los, todos, sob controle e fora do campo de ação e de visão. Assim, é possível perceber que a aproximação dos dois grandes eventos esportivos legitima as propostas de muros, UPPs e remoções e, em nome da segurança e do embelezamento urbano, a promessa de pacificação acaba por revelar tanto a defesa de interesses dominantes, como a face do desrespeito ao direito democrático à cidade.
Pesquisa financiada pela FAPERJ -Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro