Fonte
MÍDIA: jornal | VEÍCULO: O Globo | DATA: 30/03/2004 | CADERNO: Megazine | PÁGINA: 14
Temas
Medo, comportamento e sociabilidade
Notícia
“A agressividade está ligada à necessidade de se sentir masculino” Cabeça raspada, músculos anabolizados, camiseta sem manga. O estereótipo do pitboy parece ter mudado. Os rapazes que participaram da pancadaria na Baronneti, em Ipanema, há dez dias, não são fortes, têm cara de surfistas e não praticam artes marciais. O que está acontecendo? Existe um novo pitboy ou a cultura de sair à noite para brigar se espalhou por outras tribos? É difícil traçar o perfil dos brigões. Segundo proprietários de boates, podem ser jovens ou não, fortes e até fracotes. Mas uma coisa é certa: independentemente do tipo físico, agem em grupo. E se antes tinham como alvo principalmente homossexuais, hoje batem em qualquer um. O sociólogo Bruno Cardoso decidiu pesquisar a origem da agressividade das gangues depois que um amigo foi atacado por pitboys. — Eles são afetados pela violência mostrada na mídia e por cenas que presenciam nas academias. Os brigões são de classe média alta e mesmo os que não praticam luta ouvem histórias e imitam — analisa Bruno, que está escrevendo tese de mestrado na UFRJ sobre o tema.(…) Nem sempre os brigões procuram alguém de seu tamanho. Muitas vezes o alvo da agressão é mulher. Freqüentadoras do Bombar, no Leblon, as estudantes Mariana Horta e Ana Abelha já sentiram na pele a violência dos pitboys.— Estava no Empório, em Ipanema, e um cara sarado me agarrou à força. Dei uma joelhada nele e saí correndo — conta Mariana, acrescentando que há diferentes perfis de jovens agressivos. — Esses caras mais fracos não se valem do corpo, e sim do nome e do dinheiro que têm para arrumar confusão.