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MÍDIA: jornal | VEÍCULO: Folha de S. Paulo | DATA: 08/04/2009 | CADERNO: Cotidiano | PÁGINA:
Temas
Medo, comportamento e sociabilidade Condomínio fechado Políticas públicas de segurança
Notícia
A secretária estadual do Ambiente do Rio, Marilene Ramos, afirma que o plano de cercar 11 favelas na capital a fim de,
oficialmente, proteger a mata deixará os moradores desses locais nas mesmas condições daqueles que vivem num condomínio. “É natural que seja cercado por um muro de três metros.” Nesta entrevista à Folha, ela defende o projeto, que já recebeu críticas de ambientalistas, cientistas sociais e até do escritor português José Saramago.
(…)
FOLHA – Segundo o Instituto Pereira Passos (IPP), as 11 favelas escolhidas cresceram abaixo da média. No Dona Marta, houve queda. Por que elas serão muradas?
MARILENE – Os muros são para a redução da área das favelas, não são só para impedir que cresçam. Além do muro de concreto, vamos fazer um “virtual”: um sistema de monitoramento com imagens de satélite para fiscalizar áreas muradas ou não. O IPP não tem instrumento para avaliar corretamente.
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FOLHA – Como a sra. vê críticas de que o muro exclui a favela?
MARILENE – Não existe dentro da comunidade uma avaliação negativa. A maioria considera um delimitador importante para ajudá-los a controlar. Quando a ocupação avança, aumenta o risco para os que já estão lá.
FOLHA – Por que só nas favelas da zona sul, se na oeste elas cresceram mais proporcionalmente?
MARILENE – Muros são para problemas específicos, localizados, não são solução geral.
FOLHA – Por que três metros?
MARILENE – Qualquer terreno é cercado por muro de três metros de altura. Você mora num condomínio com muro de três metros. Uma comunidade como aquela é um condomínio. É natural que ele seja cercado por um muro de três metros.