Fonte
MÍDIA: revista | VEÍCULO: Veja | DATA: 07/06/2000 | CADERNO: | PÁGINA:
Temas
Índices sociais
Índices de violência
Sensação de insegurança
Violência e medo
Preço da segurança
Medidas de segurança
Notícia
Há uma sensação generalizada na sociedade de que o Brasil pode estar perdendo a chance de vencer a guerra contra o crime. Observem-se os seguintes números.
.50% dos moradores das capitais evitam sair à noite com medo dos assaltantes, 38% já não circulam por algumas ruas que consideram perigosas e 24% mudaram o trajeto até a escola ou até o trabalho para se esquivar do contato com ladrões. Por medo de se meter em confusão, uma multidão de brasileiros, estimada em 15% da população, evita conversar com estranhos e até mesmo com vizinhos.
.O Brasil tornou-se o terceiro maior mercado de carros blindados do mundo. Perde apenas para a Colômbia e o México. Em 1997, havia dez empresas explorando esse mercado, e a frota de blindados era de um veículo para cada 20.000 carros em circulação no país. Atualmente, passados apenas três anos, há um número cinco vezes maior de firmas especializadas em blindagem no Brasil. E a frota de veículos com essa proteção dobrou.
.Para se proteger dos bandidos, indústrias, lojas e condomínios mantêm um exército de 1,3 milhão de pessoas trabalhando como seguranças em todo o país. É um contingente de guardas cujo tamanho equivale ao dobro do efetivo de toda a força policial dos 27 Estados brasileiros. O mercado de segurança vem crescendo a uma taxa de 30% ao ano. Uma em cada catorze residências brasileiras possui algum equipamento para prevenção de assalto, além das grades o dobro do que havia cinco anos atrás.
.Um em cada cinco jovens brasileiros que vivem nas maiores capitais já viu o corpo de alguém que morreu assassinado.
Quem sai de casa numa metrópole brasileira convive com a possibilidade concreta de ser alvo de um ataque físico. Assaltos no semáforo e seqüestros relâmpagos tornaram-se ocorrências comuns. Entre os habitantes das grandes cidades, todos sem exceção têm algum parente ou amigo ou colega de trabalho que já esteve sob a ameaça de um revólver na cabeça.
O Brasil está ultrapassando todos os limites do tolerável nessa área. De acordo com os últimos dados confiáveis, referentes a 1997, ocorrem 40.000 assassinatos por ano no país. (…) O Brasil só perde no ranking dos homicídios para a imbatível Colômbia (78 mortos por 100.000 habitantes), Honduras (64 por 100.000) e Jamaica (29).
Não importa o crime escolhido, o Brasil está sempre numa posição crítica. Na indústria mundial do seqüestro, o Brasil é o quarto país onde esse crime ocorre com maior freqüência. (…) A taxa de homicídios do Rio, 69 mortos por 100.000 habitantes, é quatro vezes maior que a de Moscou, nove vezes superior à de Nova York e 23 vezes maior que a de Paris. O Rio perde para Cali, cidade colombiana mergulhada na nuvem de crimes que cerca as quadrilhas da cocaína, e também para capitais de países africanos que estão em guerra.