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MÍDIA: jornal | VEÍCULO: O Globo | DATA: 22/04/07 | CADERNO: Revista | PÁGINA:
Temas
Medidas de segurança
Violência e medo
Morar com medo nas cidades
Notícia
Eles ainda são minoria, mas despertam cada vez mais a atenção de quem passa pela orla da Zona Sul, especialmente nas avenidas Vieira Souto, em Ipanema, e Delfim Moreira, no Leblon. São prédios que, em vez de grades de ferro protegendo a portaria, optaram por uma solução que, ao menos esteticamente, parece menos agressiva aos olhos de quem ainda não se conformou de viver em “gaiolas”. No lugar das barras de alumínio, alguns condomínios instalaram placas de vidro que refletem a paisagem e o vaivém de carros e banhistas na praia. A escolha por “aquários” no lugar de “jaulas” é meramente estética: apesar de os prédios estarem entre os mais luxuosos da cidade, os vidros — ao contrário do que se imagina — não são blindados. Pelo menos por enquanto, a intenção é apenas tornar as fachadas mais leves e bonitas.
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— Se o vidro não for blindado, é um contra-senso — acredita [Bruno Rizzo, engenheiro e consultor do Sindicato de Habitação do Estado do Rio]. — Se alguém pode passar de carro, jogar uma pedra e quebrar o vidro, o prédio continua extremamente vulnerável e todos os outros investimentos do condomínio em segurança deixam de ter sentido.
O arquiteto e urbanista Carlos Fernando de Andrade, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), defende que mesmo as grades não têm efeito algum no quesito segurança.
— As grades funcionam mais para manter afastada a população de rua, que procura abrigo nas fachadas. É uma sensação falsa de segurança, porque quem quer entrar num prédio, entra — diz o especialista. — Elas são medonhas. Acho que são desnecessárias. Espero mesmo que deixem de colocá-las.