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MÍDIA: jornal | VEÍCULO: O Globo | DATA: 30/05/10 | CADERNO: Primeiro caderno | PÁGINA: 19

Temas
Políticas públicas de segurança
Mercado imobiliário

Notícia
Um terreno de 3.700 metros quadrados e a tranquilidade que domina o lugar desde a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foram o bastante para o músico Renato Ferro da Silva decidir virar empreendedor. Ele comprou a área, na Rua Aboará, no Jardim Batam, em Realengo, parcelou informalmente e está vendendo os lotes, com 50 metros quadrados cada, do condomínio Novo Batam. Como o Batam, as outras 17 comunidades ocupadas vêm inchando desde que deixaram de ser dominadas por traficantes ou milicianos.A construção de puxadinhos e de mais um andar — para criar novas quitinetes e abrir espaço para mais gente — virou um cenário comum em favelas pacificadas.As associações de moradores dizem que, agora, é difícil achar imóveis para alugar ou vender. E os poucos disponíveis tiveram uma valorização de até 400% — caso de um quarto e sala à venda na Cidade de Deus, que foi de R$ 2 mil para R$ 10 mil—, de acordo com levantamento feito pelo estado. (…)— Sempre se espera a valorização de locais que deixam de ser violentos. Mas o aumento de preços na Cidade de Deus me surpreendeu. Isso mostra que o que impedia a valorização do lugar era a violência — diz o secretáriochefe da Casa Civil do estado, Régis Fichtner.(…)Para Sérgio Magalhães, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil no Rio (IAB-RJ), é fundamental a presença efetiva da prefeitura nas comunidades ocupadas, a fim de orientar os moradores, fazer cumprir normas de construção e conter a expansão das favelas: — A segurança é um bem escasso em áreas pobres. Daí, a preferência por morar em locais com UPPs, que se valorizam.É questão de mercado. O que ocorre no mercado de comunidades ocupadas demonstra ainda a importância de universalizar o sistema que dá garantias constitucionais às pessoas.
Com muro amarelo e branco na frente, o Novo Batam começou a ser implantado há dois meses, quando Renato, morador do outro lado de Realengo, adquiriu o terreno por R$ 170 mil. Onze dos 44 lotes já foram vendidos, por R$ 9,9 mil cada. A venda é feita em cartório, mas Renato não regularizou o empreendimento na prefeitura, que exige lotes mínimos de 125 metros quadrados para construir.(…)Na primeira favela pacificada, Dona Marta, o levantamento do estado revela um aumento de 200% nos aluguéis de imóveis de quarto e sala, que já custam R$ 450 no alto da favela.(…)

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