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MÍDIA: jornal | VEÍCULO: O Globo | DATA: 06/03/10 | CADERNO: Primeiro caderno | PÁGINA: 16
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Políticas públicas de segurança
Notícia
Os primeiros 360 metros de barreiras acústicas na Linha Vermelha ficam prontos hoje, em frente à favela Parque Boa Esperança, no Caju. Segundo a prefeitura, a proteção, que se estenderá também à Linha Amarela, será colocada apenas nas áreas habitadas. O principal objetivo seria reduzir o barulho para quem vive às margens das pistas. As duas vias expressas, no entanto, têm um histórico de violência, muitas vezes com motoristas reféns de tiroteios, arrastões, invasões de pistas e protestos que bloqueiam o trânsito.
(…) Ao longo das duas vias, existem 37 favelas, a maioria dominada pelo tráfico. Da lista, fazem parte, por exemplo, o Complexo da Maré e a Cidade Deus, que receberão barreiras acústicas.Apesar de ressaltar a função acústica do projeto, o prefeito Eduardo Paes admite que os painéis também dificultarão o acesso de pedestres às vias, seja para cruzá-las ou até para praticar assaltos: — É inadequado pedestre circular em via expressa. As barreiras beneficiarão moradores dessas comunidades e são uma forma de qualificar a cidade.
(…)Todas as barreiras terão pinturas de artistas das comunidades, parte também de projetos sociais que serão levados às favelas vizinhas. A instalação das barreiras divide opiniões. Diretor do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (Ceasm), Lourenço Cezar da Silva diz que inicialmente foi contra o projeto, imaginando que fosse um muro. Mas aprovou o formato escolhido, porque, mesmo com barreiras, as favelas serão vistas.Embora considere um tipo de segregação, Uiliam Gonçalves e Silva, coordenador comunitário do Caju, diz que, no balanço final, o projeto trará benefícios às comunidades:— O muro, propriamente dito, é uma agressão às comunidades. Mas os projetos que virão a reboque beneficiarão áreas hoje abandonadas.
Embora oficialmente a instalação das barreiras não tenha relação com a realização da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, elas serão úteis para o esquema de segurança desses eventos. Em 2007, durante o PanAmericano, a Linha Vermelha era evitada pelas delegações, preocupadas com as poucas vias de escape existentes em caso de conflitos.(…)