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MÍDIA: jornal | VEÍCULO: O GLOBO | DATA: 09/05/10 | CADERNO: RIO | PÁGINA: 21
Temas
Políticas públicas de segurança
Notícia
Policiais da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) realizaram anteontem uma operação nos morros do Zinco, do São Carlos e da Mineira, no
Estácio. As três comunidades fazem parte do complexo de favelas dominado hoje pelo traficante Anderson Rosa Mendonça e estariam no centro de um suposto pacto de não-agressão entre as duas principais facções do Rio, como uma estratégia de
sobrevivência do tráfico depois da implantação das Unidades de de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas cariocas.Segundo informações dos serviços de inteligência da polícia, durante uma reunião há duas semanas no Complexo do Alemão,
representantes das duas facções chegaram a ensaiar uma negociação, que não teria ido adiante porque a quadrilha do Alemão exige que o chefe do tráfico do São Carlos devolva os morros do Zinco e da Mineira, que foram tomados em 2007. Na época, mais de 30 traficantes morreram na guerra, a maioria do Complexo do Alemão.Enquanto o chefe do São Carlos se recusa a devolver os dois morros, impedindo assim o fechamento do acordo, a presença anteontem de cem policiais no complexo, apreendendo drogas e armas, parece passar o recado do governo às facções: a exemplo do que já acontece nas favelas ocupadas pelas UPPs, o tráfico do Rio terá que abandonar o armamento de guerra e deixar de lado o domínio de território em troca de sua própria sobrevivência: a venda de drogas. Principal responsável pela implantação das UPPs no Rio, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, é taxativo ao dizer que, sozinhas, as UPPs não têm a pretensão de acabar com a venda de drogas, e sim o objetivo de devolver a liberdade às comunidades dominadas pelos traficantes. Para ele, ainda é cedo para afirmar que as quadrilhas já estão se reestruturando para enfrentar o crescimento do programa de governo.(…)