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MÍDIA: jornal | VEÍCULO: O GLOBO | DATA: 02/07/10 | CADERNO: RIO | PÁGINA: 20
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Políticas públicas de segurança
Notícia
Principal programa de segurança pública do estado para resgatar a paz nas favelas do Rio, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) conseguiram acabar com a exposição de armas nos morros, mas não com o comércio de drogas. O flagrante de uma feira para a venda de maconha e cocaína, em plena luz do dia, na Cidade de Deus, a segunda comunidade a ganhar uma UPP no estado,confirma isso. No vídeo,é possível ver adolescentes e um homem, que se passa por pedreiro,vendendo cocaína e maconha. O “feirão” da droga, como é conhecido o ponto de venda de entorpecentes da Rocinha 2, começa por volta das 15h e só acaba quando termina o estoque. As cenas mostram ainda um consumo interno forte, onde adolescentes e até senhoras compram as drogas, enquanto crianças e idosos passam pelo local, fingindo normalidade. A cerca de cem metros do lugar, fica um carro da PM. As imagens já estão sendo analisadas pelo subsecretário de Segurança, Rivaldo Barbosa, que verificará se há omissão por parte dos policiais da UPP da Cidade de Deus, em funcionamento desde fevereiro do ano passado.O secretário de segurança José Mariano Beltrame ressaltou a dificuldade de controlar a Cidade de Deus, a maior área ocupada pela polícia com uma única UPP.
— São mais de 100 mil moradores circulando por lá. A Cidade de Deus é maior do que muitos municípios do interior. É difícil controlar cada ponto, pois a comunidade é muito complicada, com muitas saídas e entradas. Além disso, são mais de 40
anos sob o domínio do crime. Não temos pretensão de acabar com o tráfico de uma hora para outra— disse o secretário. Ao ser perguntado se tem conhecimento de conivência de policiais da UPP da Cidade de Deus para o funcionamento da feira,
Beltrame disse que a inteligência já havia recebido informações, que estão sendo analisadas: — Acho difícil um policial de uma unidade de pacificadora fazer vista grossa para algum crime. Uma filmagem numa esquina onde há a venda de 10 ou 15 papelotes,considerando que são viciados, doentes, é factível. É um caso de saúde pública. São pessoas que precisam de tratamento — avaliou Beltrame.(…)