Fonte
MÍDIA: jornal | VEÍCULO: Folha de São Paulo | DATA: 10/01/07 | CADERNO: Cotidiano | PÁGINA:

Temas
Sensação de insegurança
Medievalização da arquitetura

Notícia
A praça da Sé (…) vai ganhar canteiros ao redor do espelho d’água, concebidos para dificultar o acesso a ele. Antes do início das obras, em 2005, a lâmina d’água costumava ser usada para banhos por moradores e crianças de rua.
Os engenheiros encarregados pelas obras chamam os fossos de “canteiros alagados”. Ao todo, serão construídos 16, com alturas entre 30 cm e 60 cm, ao redor do espelho d’água. Pelo projeto, um sistema hidráulico fará com que a terra dos canteiros esteja sempre molhada. Na superfície serão colocadas plantas que vivem em terrenos com muita umidade.
O projeto inclui outras barreiras para dificultar o acesso à lâmina d’água. Os canteiros terão largura mínima de dois metros e suas bordas terão a forma de cunha, para impedir que alguém tente se equilibrar nelas.
Os canteiros antibanho lembram as rampas antimendigo construídas pela prefeitura na passagem subterrânea que liga a avenida Paulista à Doutor Arnaldo. Os pisos inclinados, com superfície áspera, desalojaram os moradores de rua que costumavam dormir nesse local.
A medida foi tomada em setembro de 2005, pelo então prefeito José Serra (PSDB), sucedido no começo de 2006 pelo seu vice, Gilberto Kassab (PFL).
Em 2005, quando a reforma da praça da Sé foi anunciada, seu projeto já incluía mudanças destinadas a desestimular a presença de moradores de rua.
Um exemplo era a remoção dos vãos entre os canteiros, que acabavam servindo de abrigo para moradores de rua e desestimulando a circulação de pedestres pelo interior da praça.
A assessoria de imprensa da prefeitura negou que o projeto de reforma da praça da Sé tenha criado um “fosso antimendigo”. O objetivo da reforma, de acordo com a assessoria, foi melhorar a segurança para os usuários do local.
Porém, a assessoria afirmou que o projeto da reforma também teve o objetivo de dificultar o acesso aos espelhos d’água instalados na praça.
Antes, conforme a prefeitura, os canteiros eram altos e isso criou locais onde as pessoas podiam se esconder, o que aumentava a sensação de insegurança dos usuários.

Skip to content