AS GRADES NA ARQUITETURA: DA ARTE À ARMADILHA
Autores
Geisa Matos Lages – Bolsista de Iniciação Científica – FAPERJ; Mayra Lima – Bolsista de Iniciação Científica – CNPq; Paula Ramos – Bolsista de Iniciação Científica – FAPERJ
Orientadora
Profª Drª Sônia Maria Taddei Ferraz
Evento
– 4º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA ARTE –
– Interlúdios: arte, ciência e tecnologia – Mesa-Redonda: “DIÁLOGOS ENTRE ARTE, CIÊNCIA E TECNOLOGIA” nov. de 2002
– Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional
– XVI ENANPUR Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional
Resumo
O uso do ferro na arquitetura, ainda no século XIX, se dava a partir de experimentações determinadas pela produção industrial que se adequavam à estética da época, subordinando as propriedades naturais do material à criação de elementos construtivos orgânicos florais, incorporando beleza à função. No Brasil, a evolução da ocupação dos lotes nas cidades introduziu o uso de gradis de ferro e portões nos limites e acessos dos terrenos residenciais. Além de sua função reguladora e explicitadora das relações entre público e privado, seus desenhos os transformavam em elementos também decorativos e os acabamentos, quase sempre em forma de lanças verticais, reproduziam simbolicamente a proteção, a defesa e o limite. Essas lanças espaçadas limitavam e emolduravam os lotes, mantendo uma certa transparência expondo as casas e os jardins. Os portões, muitas vezes, “produziam um aspecto pomposo e majestoso pela suntuosidade dos desenhos e acabamentos”. Atualmente, diante da paranóia e do medo da violência nas cidades, os gradis e portões residenciais se transformaram em elementos, acima de tudo, limitadores e obstaculizadores nas relações entre público e privado. São eles acrescidos do simbolismo da ameaça, da agressão, do ataque, como armadilhas, comunicado por um arsenal de equipamentos elétricos e eletrônicos de segurança, que os emolduram, e pelas formas simplificadas, mas, sistematicamente pontiagudas, como garras inclinadas para fora. Trata-se, agora, provavelmente, de uma “exacerbada subordinação do mundo da cultura ao valor de troca” circulante no vasto mercado da proteção.