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MÍDIA: jornal | VEÍCULO: O Globo | DATA: 04/04/11 | CADERNO: Rio | PÁGINA: 12

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Apropriação do espaço público
Medo, comportamento e sociabilidade

Notícia
A retirada das grades da Praça Tiradentes abriu caminho para os pedestres e, também, a brecha para que seja discutida a extensão da iniciativa em outros espaços. A prefeitura informou ontem que estuda remover as grades de outras áreas de lazer, embora ainda não haja definição de locais nem cronograma. Hoje, no governo, não há qualquer proposta de fechar novas praças, política adotada no passado com a justificativa de proteger esses lugares. O assunto ainda é tratado com cautela pelo município, porque a ideia posta em prática na Praça Tiradentes divide a população, embora tenha o apoio de arquitetos e urbanistas, para quem os gradis representam um obstáculo à circulação e uma mancha na paisagem.
O secretário municipal de Conservação e Serviços Públicos, Carlos Roberto Osório, garante que a fase das cercas em praças acabou:
— O número de cercamentos praticamente desapareceu. Não temos solicitações nem necessidade mais de fechar espaços abertos. Esse processo
estancou, e estamos virando a curva para abrir os espaços de novo.
(…)
Para o secretário, a arma contra a depredação desses espaços é a iluminação, e não os ferros:
— Estamos planejando não só retirar grades de praças, mas também de monumentos, como o que faz homenagem a Marechal Deodoro, em frente ao Campo de Santana. Na prática, muitas vezes, a população de rua vandaliza a própria grade, que vira um fator de aglomeração dessas pessoas.
O subsecretário municipal de Patrimônio, Washington Farjado, é um entusiasta da ideia. (…) Mas, para ele, a medida deve ser acompanhada de melhorias na segurança e na urbanização.
— O primeiro benefício da retirada é o visual. Você passa a ter uma leitura mais clara do espaço público, o que aumenta a sensação de segurança. O segundo é o pedestre poder circular mais livremente. Isso aumenta a vitalidade dessas áreas. Acho que dá para a gente pleitear a retirada das grades de outras praças. Mas isso não deve ser uma regra. É preciso olhar cada caso.
(…)
(…) A professora Marilza Machado, moradora do Leblon e frequentadora do Jardim de Alah, cercado para a Rio-92, reclama que o local tem manutenção precária. E que moradores evitam circular pela praça no fim da tarde, temendo assaltos. Mesmo assim, ela conta que há um clima maior de segurança com as grades:
— Arquitetonicamente falando, a grade não é legal. Mas acho necessária, porque, sem ela, seria perigoso. A gente se sente mais protegida assim. E acaba se acostumando a viver enjaulada.
A bancária Maiha Fayad, moradora da Glória, confessa que teria medo de caminhar pela Praça Paris, (…), sem o gradil. Lá, os portões são fechados às 22h e abertos às 6h, e a segurança é feita por uma base fixa da Guarda Municipal, durante 24 horas.
— Acho que não devem tirar. Na Glória, infelizmente, há muita população de rua.
(…)
Já a presidente da Associação de Moradores de Ipanema, Maria Amélia
Fernandes Loureiro, pensa diferente:
— As grades foram colocadas num tempo em que a violência era maior.
(…)

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