O glossário é composto de termos ou expressões já utilizados nos textos da produção da pesquisa organizados em ordem alfabéticas. Cada um deles é acompanhado do respectivo significado vernacular e de trecho explicativo extraído de texto(s) de análise, no campo da violência ou da arquitetura, que se aproxime teórica e conceitualmente das análises já elaboradas pelo grupo.
Além da definição de cada termo, alguns diálogos complementares entre eles foram inseridos, assim como a explicitação de algumas diferenças significativas, que aparecem muitas vezes, em textos diversos, como aparentes semelhanças.
O glossário não é estanque e será aperfeiçoado e complementado regularmente a partir da retro-alimentação feita pelos visitantes do site, informando as deficiências ou qualidades encontradas.
Sugestões e/ou críticas, entre em contato: arqviol@vm.uff.br
A
Apropriação dos espaços públicos – Infração às leis de uso do solo e código de postura da cidade que desconsideram o direito coletivo do uso do espaço público. Para garantir a proteção residencial contra a violência, moradores e proprietários avançam os limites de seus lotes sobre o espaço público, privatizando-o.
Arquitetura – “Arte e técnica de organizar espaços e criar ambientes para abrigar os diversos tipos de atividades humanas, visando também a determinada intenção plástica.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Arquitetura Moderna – “A arquitetura moderna pressupôs que o homem do século vinte iria presenciar o maior avanço histórico já conseguido pela humanidade, e que o habitat moderno iria abrigar homens livres,com suas necessidades materiais satisfeitas, num convívio universal caracterizado pela paz e respeito mútuo entre os povos. Este avanço seria fruto da transformação social e tecnológica como pressupunham o Construtivismo soviético e a Bauhaus, ou produto do desenvolvimento tecnológico como pretendia Le Corbusier.”(ARTIGAS, Rita Vaz: A propósito da Arquitetura Moderna, in Catálogo da Bienal de Arquitetura “Tradição e Ruptura”, Bienal de São Paulo e IAB, SP, 1984, p. 8)
– Conceitos principais da Arquitetura Moderna considerados para análise da “Arquitetura da Violência”: transparência; continuidade dos espaços (comunicação entre o interior e o exterior); volumes (plasticidade, formas inovadoras de desafio gravitacional); permeabilidade; coletividade
B
C
Casa – “Edifício de formatos e tamanhos variados, ger. de um ou dois andares, quase sempre destinado à habitação.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Em seu texto, “A Poética do Espaço” (1988), Bachelard faz análises fenomenológicas onde emergem inúmeros valores da casa essenciais para o Homem, sendo alguns desses: a casa como corpo e alma, nosso canto do mundo, nosso primeiro universo, abrigo para devaneios e proteção para o sonhador.(REFERÊNCIA: BACHELARD, G.: A Poética do Espaço. Coleção Os Pensadores. Ed. Nova Cultural, 1988.)
Cidade – “Aglomeração humana de certa importância, localizada numa área geográfica circunscrita e que tem numerosas casas, próximas entre si, destinadas à moradia e/ou a atividades culturais, mercantis, industriais, financeiras e a outras não relacionadas com a exploração direta do solo.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Coletivo – “Que compreende ou abrange muitas pessoas ou coisas, ou que lhes diz respeito; pertencente a um conjunto de pessoas ou coisas/ que pertence a ou é utilizado por um número considerável de pessoas; que pertence a um povo, a uma classe, a um grupo.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Condomínio – “A circunstância de ser o objeto indiviso pertencente a mais de uma pessoa; co-propriedade, compropriedade.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
– Condomínio Fechado
“Os condomínios fechados são a versão residencial de uma categoria mais ampla de novos empreendimentos urbanos que chamo de enclaves fortificados. Eles estão mudando consideravelmente a maneira como as pessoas das classes média e alta vivem, consomem, trabalham e gastam seu tempo de lazer. Eles estão mudando o panorama da cidade, seu padrão de segregação espacial e o caráter do espaço pú blico e das interações públicas entre as classes. Os enclaves fortificados incluem conjuntos de escritórios, shopping centers, e cada vez mais outros espaços que têm sido adaptados para se conformarem a esse modelo, como escolas, hospitais, cen tros de lazer e parques temáticos. Todos os tipos de enclaves fortificados partilham algumas características básicas. São propriedade privada para uso coletivo e en fatizam o valor do que é privado e restrito ao mesmo tempo que desvalorizam o que é público e aberto na cidade. São fisicamente demarcados e isolados por mu ros, grades, espaços vazios e detalhes arquitetônicos. São voltados para o interior e não em direção à rua, cuja vida pública rejeitam explicitamente. São controlados por guardas armados e sistemas de segurança, que impõem as regras de inclusão e exclusão. São flexíveis: devido ao seu tamanho, às novas tecnologias de comunicação, organização do trabalho e aos sistemas de segurança, eles são espaços autô nomos, independentes do seu entorno, que podem ser situados praticamente em qualquer lugar. Em outras palavras, em contraste com formas anteriores de empreendimentos comerciais e residenciais, eles pertencem não ao seus arredores imediatos, mas a redes invisíveis (Cenzatti e Crawford 1998).1 Em conseqüência, embora ten dam a ser espaços para as classes altas, podem ser situados em áreas rurais ou na periferia, ao lado de favelas ou casas auto-construídas. Finalmente, os enclaves ten dem a ser ambientes socialmente homogêneos. Aqueles que escolhem habitar esses espaços valorizam viver entre pessoas seletas (ou seja, do mesmo grupo social) e longe das interações indesejadas, movimento, heterogeneidade, perigo e imprevisibilidade das ruas.” (CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo, Edusp, 2000, p.258-259)
Controle – “Exame e vigilância estritos; fiscalização, monitoramento.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Controle social é um dos conceitos mais utilizados em sociologia. Refere-se aos vários meios usados por uma sociedade para enquadrar seus membros recalcitrantes. Nenhuma sociedade pode existir sem controle social. Até mesmo um pequeno grupo de pessoas que se encontrem ocasionalmente terá de criar seus mecanismos de controle para que o grupo não se desfaça em muito pouco tempo. (…), os mecanismos sociais funcionam de maneira a eliminar membros indesejáveis e (como foi enunciado de maneira clássica pelo Rei Cristophe, o Haiti, quando mandou executar um décimo de seus trabalhadores) ‘para estimular os outros’”.(BERGER, Peter L. Perspectivas Sociológicas. Rio de Janeiro, Ed. Vozes, pg. 81)
Confinamento – “Ato ou efeito de isolar(-se) em dado lugar.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Crime – “Transgressão imputável da lei penal por dolo ou culpa, ação ou omissão; delito.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Com a instalação da sociedade burguesa e a reorganização do sistema judiciário e penal na Europa a partir do final do século XVIII, o crime passa a ser entendido não como “algo aparentado com o pecado e com a falta; (o crime) é algo que danifica a sociedade; é um dano social, uma perturbação, um incômodo para toda a sociedade.” E por conseguinte, “o criminoso é o inimigo social”.(FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro, ed. PUC-Rio, 1996, pg.81)
O foco da pesquisa está no crime contra o patrimônio e nas medidas de prevenção contra o mesmo, entendendo que o aumento da criminalidade de modo geral, nas metrópoles, gera a cultura do medo que faz com que a sociedade passe a adotar um número cada vez maior de medidas de proteção para ter segurança.
Criminalidade – “O conjunto dos crimes cometidos em um dado meio histórico e geográfico durante um determinado período/ o fenômeno social da prática criminosa, expressa em aspectos qualitativos e quantitativos.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Cruel – “A quem apraz derramar sangue, causar dor; cruento.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Crueldade – “Prazer em fazer o mal, atormentar; impiedade, malevolência; relativo a cruel./ qualidade do que causa medo, horroriza; hediondez.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“A crueldade primitiva era, como a vingança, uma instituição holística contra o indivíduo auto-determinante, contra a divisão política, contra a história. Independentemente dos sentimentos e das emoções, o suplício selvagem era uma prática ritual exigida pelo código da vingança, na busca do equilíbrio entre os vivos e os mortos. A crueldade era uma lógica social e não do desejo.” (DIAS, Ângela Maria et GLENADEL, Paula. Estéticas da Crueldade. Rio de Janeiro, Atlântica Editora, 2004, pg. 67)
Crudelização – Uma expressão da desigualdade social materializada na arquitetura com o uso de métodos de proteção que isolam as pessoas do mundo externo e se mostram, muitas vezes, cruéis. A desigualdade social é o que realmente move as diversas ‘crueldades’ existentes no mundo; é ela que sustenta a intolerância, o medo entre classes. O resultado disso seria a vontade de ver e fazer sofrer por parte daqueles que se encontram em uma situação privilegiada do ponto de vista capitalista.
Custo Social – É um custo com que arca a sociedade. No caso da pesquisa, o custo social considerado, em geral, se dá em benefício privado.
D
Desigualdade – “Ausência de proporção, de equilíbrio; disparidade, distância.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
No caso da pesquisa é a desigualdade social e econômica que tem sido considerada.
Dissimulação – “Ocultação, por um indivíduo, de suas verdadeiras intenções e sentimentos; hipocrisia, fingimento.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
E
Elemento – “Parte constituinte de um todo; ver equipamento.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
No caso da pesquisa, elementos seriam itens incorporados à arquitetura residencial: guaritas, muros, grades, etc.
Enclausuramento – “Afastar(-se) do convívio social/ situação de quem não pode sair do claustro; internamento, encerramento.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Equipamento – “Tudo aquilo que serve para equipar; conjunto de apetrechos ou instalações necessários à realização de um trabalho, uma atividade, uma profissão.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
A pesquisa aborda os equipamentos como o aparato tecnológico acrescido à arquitetura como medida de proteção: interfones, sensores, etc.
Espaço – “Extensão limitada em uma, duas ou três dimensões; distância, área ou volume determinados.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Estética – “Segundo o criador do termo, o filósofo alemão Alexander Baumgarten (1714-1762), ciência das faculdades sensitivas humanas, investigadas em sua função cognitiva particular, cuja perfeição consiste na captação da beleza e das formas artísticas.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Ética – “Parte da filosofia responsável pela investigação dos princípios que motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, refletindo esp. a respeito da essência das normas, valores, prescrições e exortações presentes em qualquer realidade social.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“A ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento. Os valores éticos podem se transformar, assim como a sociedade se transforma.
(…)
É o campo de preocupações com as forma humanas de resolver as contradições entre necessidade e possibilidade, entre tempo e eternidade, entre o individual e o social, entre o econômico e o moral, entre a inteligência e a vontade. Essas contradições são todas do mesmo tipo, mas brotam do fato de que o homem é um ser sintético, ou, dito mais exatamente, o homem não é o que apenas é, pois ele precisa tornar-se homem, realizando em sua vida a síntese das contradições que o constituem inicialmente”.(VALLS, Álvaro L. M. O que é ética. São Paulo, Editora Brasiliense,1992.)
Exclusão – “Ato que priva ou exclui alguém de determinadas funções; exclusiva.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“…a exclusão é processo complexo e multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. É processo sutil e dialético, pois só existe em relação à inclusão como parte constitutiva dela (…) ele é produto do funcionamento do sistema.” (SAWAIA, Bader. As artimanhas da exclusão.Petrópolis, Vozes, 2001, pg. 9)
Nas análises decorrentes da pesquisa “Arquitetura da Violência”, exclusão é o termo que refere os cidadãos privados do acesso aos meios materiais necessários à sobrevivência.
– Auto-Exclusão
Na pesquisa está sendo considerado o processo de exclusão que a elite se impõe em relação às outra classes, com o objetivo de se proteger e ter segurança.
– Dupla Exclusão
Exclusão sócio-econômica e a exclusão espacial que é imposta às classes sociais de menor renda.
F
Fetiche – “Objeto a que se atribui poder sobrenatural ou mágico e se presta culto.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Segundo Marx, em ‘O capital’, quando alguma coisa “se revela mercadoria, transforma-se em algo ao mesmo tempo perceptível e impalpável.” O fetiche é então “o caráter misterioso que o produto do trabalho apresenta ao assumir a forma mercadoria.”
“…, a forma mercadoria e a relação de valor entre os produtos do trabalho, a qual caracteriza essa forma, nada têm a ver com a natureza física desses produtos nem com as relações materiais dela decorrentes. Uma relação social definida, estabelecida entre os homens, assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. Para encontrar um símile, temos de recorrer à região nebulosa da crença. Aí os produtos do cérebro humano parecem dotados de vida própria, figuras autônomas que mantém relação entre si e com seres humanos. É o que ocorre com os produtos da mão humana, no mundo das mercadorias. Chamo a isto de fetichismo, que está sempre grudado aos produtos do trabalho, quando são gerados como mercadorias. É inseparável da produção das mercadorias.” (MARX,Karl. O capital.Cap. I, Volume I, Livro Primeiro. O fetichismo da mercadoria: seu segredo. Rio de Janeiro, ed. Civilização Brasileira, 1974. pg. 81)
G
H
Habitação – “Lugar ou casa onde se habita.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
I
Imagem – “Representação da forma ou do aspecto de ser ou objeto por meios artísticos.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Originalmente significava uma representação visual da realidade – física (um quadro ou uma fotografia) ou elaborada na imaginação (literatura ou música). Nos dias de hoje, consiste na fabricação ou impressão pública criada comumente para atrair audiência, em vez de reproduzir a realidade: implica um grau de falsidade na medida em que a realidade raramente corresponde à imagem.(Conceitos-chave: Estudos da Comunicação e cultura. Piracicaba, São Paulo Ed.Unimep, 2001, pg. 130.)
Segundo Sartre “a imagem não é uma coisa: é um ato da consciência.”(PAIVA, Marcelo Whately. O Pensamento Vivo de Sartre , São Paulo. Martin Claret Editores, 1990,(pg. 55)
Individuação – “Processo pelo qual uma parte do todo se torna progressivamente mais distinta e independente; diferenciação do todo em partes cada vez mais independentes.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Insegurança – “Sensação ou sentimento de não estar protegido, seguro.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Individual – “Relativo a ou próprio para apenas um ser, objeto ou situação.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
J
K
L
Liberdade – “Condição de um animal que não vive em cativeiro.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Dostoiewsky escreveu: “Se Deus não existisse, tudo seria permitido”. Aí se situa o ponto de partida do exis tencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele. Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas” É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a Ser livre. Condenado, porque não se criou a Si próprio; e no entanto livre, porque uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo quanto fizer”. (apud. PAIVA, Marcelo Whately. O Pensamento Vivo de Sartre, São Paulo. Martin Claret Editores, 1990, pg. 92)
Luxo – “Maneira de viver caracterizada pela ostentação, por despesas excessivas, pela procura de comodidades caras e supérfluas, pelo gosto do fausto e desejo de ostentação. Qualquer bem, objeto caro que origina despesas supérfluas, irracionais, desordenadas.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“A segurança é provavelmente o mais precário de todos os bens de luxo. Na medida em que o Estado não pode garanti-la, cresce a demanda privada e os preços disparam. Guarda-costas, serviços de vigilância, dispositivos de alarme –tudo que promete segurança integra hoje o estilo de vida dos privilegiados, e o ramo pode contar, no futuro, com altas taxas de crescimento. Quem se muda para o bairro dos ricos, logo pressente que o luxo do futuro não promete um puro desfrute. A exemplo do passado, ele não ensejará apenas liberdades, mas também coerções. Pois o privilegiado que se quiser pôr em segurança não exclui somente os outros; exclui a si mesmo.”(ENZENSBERGER, Hans-Magnus. Luxo de onde vem para onde vai. Folha de São Paulo, Caderno Mais, 30.03.97)
“Luxo é tudo o que ultrapassa o limite do necessário.”(VERSOLATO, in Luxo in Rio, O GLOBO, ELA, 30/10/04, pg. 6)
M
Manipulação – “Manobra oculta ou suspeita que visa à falsificação da realidade/ manobra pela qual se influencia um indivíduo, uma coletividade, contra a vontade destes (de modo geral, recorrendo a meios de pressão, tais como a mídia).” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Medievalização – “Medieval – relativo, pertencente a ou próprio da Idade Média.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“As torres devem-ser projetadas para o exterior, para que, durante um assalto, o inimigo que queira aproximar-se da muralha seja alvejado pela abertura no lado direito e no esquerdo das torres. E, convém que a máxima atenção venha a ser prestada para que não seja fácil o acesso às mulralhas em caso de assédio (…) as torres deverão ser construídas arredondadas ou poligonais.”. (POLIÃO, Marco Vitrúvio. Da Arquitetura. Hucitec. SP, 1999.pg 61).
É o processo construtivo-arquitetônico identificado em habitações das elites das grandes cidades, principalmente em São Paulo, onde se percebe variadas combinações e apropriações de linguagens e elmentos arquitetônicos características dos castelos medievais e que, de alguma forma, e aproximam ainda do aspecto carcerário.
Medo – “Sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário, de uma ameaça; susto, pavor, temor, terror.” (Fonte: Dicionário Aurélio séc XXI – edição digital)
Mercado – “Concepção das relações comerciais baseada essencialmente no equilíbrio de compras e vendas, segundo a lei da oferta e da procura.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Mercado é o lugar “econômico”, onde se encontra oferta e demanda para trocar entre si uma ou várias mercadorias”.(NAPOLEONI, CLÁUDIO. Curso de Economia Política (1979) Ed. Graal, Rio de Janeiro, RJ., pg. 55)
Mercadoria – “Qualquer produto (matérias-primas, gêneros, artigos manufaturados etc.) suscetível de ser comprado ou vendido; mercancia.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Nas sociedades onde rege a produção capitalista, a mercadoria é um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia”.(MARX, Karl. O Capital, Cap. I, Vol. I, Livro I, pg. 41)
Metrópole – “Qualquer cidade grande e/ou importante./ urbanismo: numa região metropolitana, a cidade que exerce influência econômica, social e administrativa sobre as demais da mesma área.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Mídia – “Todo suporte de difusão da informação que constitui um meio intermediário de expressão capaz de transmitir mensagens; meios de comunicação social de massas não diretamente interpessoais (como p.ex. as conversas, diálogos públicos e privados).” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Em sentido mais amplo, é a agência intermediária que permite que a comunicação aconteça. Mais especificamente, consiste em um desenvolvimento tecnológico que estende os canais, o alcance ou a velocidade da comunicação. * No primeiro caso, a escritura, os gestos, as expressões faciais, o vestuário, o desempenho teatral e a dança poderiam ser vistos como meios de comunicação. Cada meio tem a capacidade de transmitir códigos ao longo de um canal, ou canais. Esse uso do termo tem diminuído e se limitado crescentemente à mídia tecnológica,em par ticular aos meios de comunicação de massa. Às vezes, é empregado para se referir aos meios de comunicação (“imprensa ou mídia de teledifusão’; por exemplo), mas comumente diz respeito às formas técnicas das quais esses meios são atualiza dos (rádio, televisão,jornais, livros, fotografias, fil mes e discos, entre outros).”(O´SULLIVAN, Tim. Conceitos-chave: Estudos da Comunicação e cultura. Piracicaba, São Paulo Ed.Unimep, 2001, pg. 151)
Na pesquisa, a mais utilizada para alimentar as análises é a mídia impressa (jornais diários e revistas semanais).
Miséria – “Estado de carência absoluta de meios de subsistência; indigência, penúria.ver pobreza.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Moderno – “Diz-se de estilo de arte, de arquitetura, de dança etc. desenvolvido entre o último quarto do séc. XIX e o final do XX (ou fim dos anos 1980, caso se considere um período pós-moderno), e que tenha contribuído com algo inédito, original; contemporâneo.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Há uma modalidade de experiência vital – experiência do espaço e do tempo, do eu e dos outros, das possibilidades e perigos de vida – que é partilhada por homens e mulheres em todo o mundo atual. Denominarei esse corpo de experiência” modernidade”. Ser moderno é encontrar-se num ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, transformação de si e do mundo – e, ao mesmo tempo, que ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que somos. Os ambientes e experiências modernos cruzam todas as fronteiras da geografia e da etnicidade, da classe e da nacionalidade, da religião e da ideologia; nesse sentido, pode-se dizer que a modernidade une toda a humanidade. Mas trata-se de uma unidade paradoxal, uma unidade da desunidade; ela nos arroja num redemoinho de perpétua desintegração e renovação, de luta e contradição, de ambigüidade e angústia. Ser moderno é ser Ii parte de um universo em que, como disse Marx, “tudo o que é sólido desmancha no ar”.(HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo, ed. Loyola, 1992, pg. 21)
Moradia – “Casa ou lugar em que se habita.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
N
Noticiário – “Em radiojornalismo e telejornalismo, apresentação, geral acompanhada de comentário crítico, das notícias relevantes do dia, da semana etc., por jornalistas em programas ao vivo ou previamente gravados.”(Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
O
P
Padrão presídio – Utilização de elementos arquitetônicos característicos da arquitetura penitenciária, buscando proteção e caracterizando também o auto-enclausuramento.
Pânico – “Susto ou medo gereneralizado, sem fundamento.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
– Doença do Pânico
Ela se manifesta através de “crises de ansiedade aguda e intensa, extremo desconforto, sintomas vegetativos associados e medo de algo ruim acontecer de repente, como por exemplo da morte iminente, de passar mal, desmaiar, perder o controle, etc.” (Dicionário de Psiquiatria – www.psiqweb.med.br, consultado em 02/11/2004)
Paranóia – “Psicopatia, de que há várias formas clínicas, caracterizada pelo aparecimento de ambições e de suspeitas que se acentuam, evoluindo para delírios persecutório e de grandeza estruturados sobre bases lógicas; não há, aparentemente, interferência sobre outros aspectos do pensamento e da personalidade do indivíduo.” (Fonte: Dicionário Aurélio séc XXI – edição digital)
Patrimônio – “Conjunto dos bens familiares/ termo jurídico: conjunto dos bens, direitos e obrigações economicamente apreciáveis, pertencentes a uma pessoa ou a uma empresa.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Pobreza – “A classe ou o conjunto dos pobres./ falta daquilo que é necessário à subsistência; penúria.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Um seminário organizado pelo Projeto Brasil Sustentável e Democrático, iniciativa em favor de justiça sócio-ambiental com similares no Uruguai, Argentina e Chile e que no Brasil tem na FASE uma base importante, levantará um tema inquietante. Enquanto nos últimos anos tornou-se comum falarmos em “linha de pobreza”, ou “linha de indigência”, os significados reais destas expressões parece um tanto perdido. Alguns defendem que pobre é aquele que vive com menos de 1 dólar por dia. Outros discordam e acham que com menos de 2 dólares por dia, aí sim, o sujeito seria pobre. O fato é que para ambos a dignidade humana está distante. Pensando em estabelecer um novo indicador, o seminário tratará de um novo conceito, a Linha de Dignidade.” (Fausto Oliveira, em AGENDA NACIONAL, consultado em 03/11/2004 – www.forumreformaurbana.org.br)
Segundo dados publicados no Jornal do Brasil de 23/09/2003, miseráveis são as pessoas que não têm, aos menos, R$ 80 mensais para uma alimentação completa. Ou seja, um terço de um salário mínimo.
Pós-Moderno – “Relativo ao Pós-Modernismo – denominação genérica dos movimentos artísticos surgidos no último quartel do séc.XX, caracterizados pela ruptura com o rigor da filosofia e das práticas do Modernismo, sem abandonar totalmente seus princípios, mas fazendo referências a elementos e técnicas de estilos do passado, tomados com liberdade formal, ecletismo e imaginação; pós-moderno.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“O que aparece num nível como o último modismo, promoção publicitária e espetáculo vazio é parte de uma lenta transformação cultural emergente nas sociedades ocidentais, uma mudança da sensibilidade para a qual o termo ‘pós-moderno’ é na verdade, ao menos por agora, totalmente adequado.” (HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo, ed. Loyola, 1992, pg.45)
“(…) o pós-modernismo tipicamente remonta à ala de pensamento, a Nietzche em particular, que enfatiza o profundo caos da vida moderna e a impossibilidade de lidar com ele com o pensamento racional.” (id.pg. 49)
“No campo da arquitetura e do projeto urbano, considero o pós-modernismo no sentido amplo como uma ruptura com a idéia modernista de que o planejamento e o desenvolvimento devem concentrar-se em planos urbanos de larga escala, de alcance metropolitano, tecnologicamente racionais e eficientes, sustentados por uma arquitetura absolutamente despojada (as superfícies “funcionalistas” austeras do modernismo de “estilo internacional”). O pós-modernismo cultiva, em vez disso, um conceito do tecido urbano como algo necessariamente fragmentado, um “palimpsesto” de formas passadas superpostas umas às outras e uma “colagem” de usos correntes, muitos dos quais podem ser efêmeros. Como é impossível comandar a metrópole exceto aos pedaços,..o projeto urbano (e observe-se que os pós-modernistas antes projetam do que planejam) deseja somente ser sensível às tradições vernáculas, às histórias locais, aos desejos, necessidades e fantasias particulares, gerando formas arquitetônicas especializadas, e até altamente sob medida, que podem variar dos espaços íntimos e personalizados ao esplendor do espetáculo, passando pela monumentalidade tradicional. Tudo isso pode florescer elo recurso a um notável ecletismo de estilos arquitetônicos.” (id. pg.___ )
Privado – “Que pertence a um indivíduo particular.” (ver público). (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Propaganda – “Difusão de mensagem verbal, pictórica, musical etc., de conteúdo informativo e persuasivo, em TV, jornal, revista, volantes, outdoors etc.; publicidade.” (ver publicidade) (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Proteção – “Aquilo que protege de um agente exterior; defesa.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
A pesquisa trata essencialmente dos meios de proteção patrimonial inseridos no edifício.
Publicidade – “Arte, ciência e técnica de tornar (algo ou alguém) conhecido nos seus melhores aspectos, para obter aceitação do público/ divulgação de matéria jornalística, ger. por encomenda de uma empresa, pessoa, instituição etc., por qualquer veículo de comunicação.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Para efeito de análise, “publicidade”, ou anúncio publicitário, está sendo considerada como o lugar discursivo onde o sujeito da enunciação – o enunciador (promotor imobiliário), anuncia um produto (mercadoria – imóvel – habitação) para um receptor (consumidor em potencial – comprador/morador). A partir do custo do imóvel, o enunciador identifica o receptor como aquele cuja renda lhe permite adquirir o produto (imóvel). Neste sentido, o anunciante-promotor deve imaginar suas necessidades e desejos e a auto imagem que faz de si mesmo o receptor, ou a imagem que gostaria lhe fosse imputada. Essa imagem está relacionada fundamentalmente com seu modo de vida e sua visão de mundo. Para tanto, os signos da mensagem são escolhidos e organizados de forma denotativa, de maneira a construírem referências conotativas para o receptor – consumidor.” (FERRAZ, Sônia Maria Taddei. Violência, Medo e Mercado: Uma análise da publicidade imobiliária, São Paulo. Revista Impulso,nov/2004, no prelo)
“Quanto ao significado da palavra “propaganda”, hoje definitivamente um substantivo, há diferenças de compreensão entre algumas línguas. No inglês, por exemplo, é usada exclusivamente para a propagação de idéias, especialmente políticas; para a propaganda comercial, o termo usado é advertising. Em alemão, “propaganda” é mais de idéias, usando-se reklame, empréstimo do francês, para a comercial. O galicismo reclame, usado em alemão, hoje é praticamente inexistente no Brasil, contrariamente a Portugal, onde é empregado com o mesmo sentido do alemão. Em português, o termo “publicidade” é usado para a venda de produtos e de serviços, é mais “leve”, mais sedutor que “propaganda”, pois explora um universo particular – o dos desejos; já “propaganda” é usado tanto na propagação de idéias, quando voltado para a esfera dos valores éticos e sociais, quanto no sentido comercial, sendo, portanto, o termo mais abrangente e o que pode ser empregado em todos os sentidos.” (MONNERAT, Rosane Mauro. A Publicidade pelo avesso.Niterói, RJ, EdUFF, 2003, pg 14.)
Público – “Que pertence a todos; comum.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Espaço Público x Espaço Privado
“A questão do espaço público vem sendo debatida, desde os anos 60, por especialistas de diversas áreas. Ao mesmo tempo novos tipos de espaços semi-privados ou semi-públicos aparecem como o cenário por excelência da vida urbana familiar e profissional: shopping, espaços de lazer de condomínios privados, casa de recepções, etc. Isso significa a privatização da vida pública? Ou a publicização da vida privada?”(FERREIRA, Angela Lucía de Araújo e MARQUES, Sônia. Privado E Público: Inovação Espacial Ou Social? in Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, nº 69, Universidade de Barcelona, 200)
A apropriação do espaço público se dá quando esse, que por definição é acessível a todos, é tomado ilegalmente como propriedade, de uso exclusivo e absoluto de um indivíduo ou de um pequeno grupo, se sujeitando a sua vontade.
Q
R
Redesenho – “Prefixo Re- + Desenho – Configuração de (um conjunto); contorno, delineamento, recorte.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Alterações formais das cidades e da arquitetura, a partir da inserção de equipamentos e materiais. Esses elementos, utilizados segundo a lógica do mercado de proteção física e patrimonial, presente nas metrópoles brasileiras, acabam por ilustrar e perpetuar fenômenos identificados na pesquisa, tais como ‘colagens’, a ‘medievalização’, a ‘crudelização’
S
Sociedade – “Conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns, e que são unidas pelo sentimento de grupo; corpo social, coletividade.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Segurança – “Estado, qualidade ou condição de uma pessoa ou coisa que está livre de perigos, de incertezas, assegurada de danos e riscos eventuais, afastada de todo mal/ Situação em que não há nada a temer; a tranqüilidade que dela resulta.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
– Segurança Total
Apelo identificado em propagandas de lançamentos imobiliários e publicidade de serviços e produtos relacionados a esse mercado no início da década de 1990. Na prática, a ‘Segurança Total’ é inatingível, devido ao eterno embate teleológico entre quem se da invasão e quem supera o obstáculo, invadindo. A utilização desse conceito foi aparentemente descartada, pois se violado uma vez, o produto torna-se desacreditado podendo configurar propaganda enganosa. Por outro lado, enquanto conseguir afirmar a sua eficácia, ‘impedindo’ qualquer violação, fugirá completamente à lógica da descartabilidade planejada que alimenta qualquer mercado na esfera global.
– Segurança Máxima
Em substituição ao conceito de ‘Segurança Total’, passou a ser empregado freqüentemente o de ´Segurança Máxima’, dando a dimensão do real e do possível.
Sensação – “Processo pelo qual um estímulo externo ou interno provoca uma reação específica, produzindo uma percepção. (Fisiologia, psicologia)/ Conhecimento imediato e intuitivo.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
– Sensação de Insegurança
Reportagem publicada na Folha de São Paulo em 2000 indicava, através do resultado de uma pesquisa, que a sensação de insegurança dos moradores de grandes cidades, pode superar os dados reais de aumento da criminalidade: “Moradores de uma das metrópoles mais violentas do mundo, os paulistanos têm uma percepção da violência ainda maior do que ela realmente é.(…) É o que mostra pesquisa Data Folha, feita em dezembro do ano passado (1999), sobre as condições de segurança entre os habitantes de São Paulo. (…) Os números mostram que, apesar de o percentual de pessoas assaltadas ou roubadas na cidade ter ficado estável nos últimos meses, 79% dos entrevistados achavam que esses crimes haviam aumentado em novembro passado (1999).” (Folha de São Paulo, 06 fev 2000, Cotidiano)
T
U
V
Vila – “Conjunto de casas em beco com uma única saída para a rua, dispostas ao redor de uma pequena praça interior; avenida”. (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
Vigilância – “Estado de quem permanece alerta, de quem age com precaução para não correr risco; cuidado. Capacidade de concentração sobre um campo definido de objetos durante períodos de tempo relativamente longos.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“O controle dos indivíduos, essa espécie de controle penal punitivo dos indivíduos ao nível de suas virtualidades não pode ser efetuado pela própria justiça, mas por uma série de outros poderes laterais, à margem da justiça, como a polícia e toda uma rede de instituições de vigilância e de correção – a polícia para a vigilância, as instituições – psicológicas, psiquiátricas, criminológicas, médicas, pedagógicas para a correção. É assim que, no século XIX, desenvolve-se, em torno da instituição judiciária e para lhe permitir assumir a função de controle dos indivíduos ao nível de sua periculosidade, uma gigantesca série de instituições que vão enquadrar os indivíduos ao longo de sua existência; instituições pedagógicas como a escola, psicológicas ou psiquiátricas como o hospital, o asilo, a polícia, etc. Toda essa rede de um poder que não é judiciário deve desempenhar uma das funções que a justiça se atribui neste momento: função não mais de punir as infrações dos indivíduos, mas de corrigir suas virtualidades.” (…) O Panapticon pensado por Bentham, seria (…) “uma forma de arquitetura que permite um tipo de poder do espírito sobre o espírito; uma espécie de instituição que deve valer para escolas, hospitais, prisões, casas de correção, hospícios, fábricas, etc”. (…) “O Panopticon era um edifício em forma de anel, no meio do qual havia um pátio com uma torre no centro. O anel se dividia em pequenas celas que davam tanto para o interior quanto para o exterior. Em cada uma dessas pequenas celas, havia segundo o objetivo da instituição, uma criança aprendendo a escrever, um operário trabalhando, um prisioneiro se corrigindo, um louco atualizando sua loucura, etc. Na torre central havia um vigilante. Como cada cela dava ao mesmo tempo para o interior e para o exterior, o olhar do vigilante podia atravessar toda a cela; não havia nela nenhum ponto de sombra e, por conseguinte, tudo o que fazia o indivíduo estava exposto ao olhar de um vigilante que observava através de venezianas, de postigos semi-cerrados de modo a poder ver tudo sem que ninguém ao contrário pudesse vê-Io. Para Bentham esta pequena e maravilhosa astúcia arquitetônica podia ser utilizada por uma série de instituições. O Panopticon é a utopia de uma sociedade e de um tipo de poder que é, no fundo, a sociedade que atualmente conhecemos – utopia que efetivamente se realizou. Este tipo de poder pode perfeitamente receber o nome de panoptismo. Vivemos em uma sociedade onde reina o panoptismo.”(FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas Rio de Janeiro, ed. PUC-Rio, 1996,(pg.86-87)
Violência – “Ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força.” (Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0)
“Violência urbana é a expressão que designa o fenômeno social de comportamento deliberadamente transgressor e agressivo ocorrido em função do convívio urbano. A violência urbana tem algumas qualidades que a diferencia de outros tipos de violência; e se desencadeia em conseqüência das condições de vida e do convívio no espaço urbano. Sua manifestação mais evidente é o alto índice de criminalidade; e a mais constante é a infração dos códigos elementares de conduta civilizada.” (…) A violência urbana é determinada por valores sociais, culturais, econômicos, políticos e morais de uma sociedade. No entanto, ela incorpora modelos copiados dos países de maior influência na esfera internacional. As populações de países subdesenvolvidos, por exemplo, aprendem e reproduzem, muitas vezes com pequenas modificações, procedimentos violentos originários de expressões artísticas (filmes estrangeiros, novelas etc.) que tem a violência como tema. (Resumo Extraído de Enciclopédias (texto clássico). Projeto Renasce Brasil : http://www.renascebrasil.com.br/f_violencia2.htm)
“A violência com a sua carga dedo, sofrimento e morte, conseguiu fazer parte de nossas preocupações cotidianas e avança sobre os territórios físicos, mentais e sociais.”(NUNES, Everaldo Duarte em Revista: Ciência e Saúde Coletiva. Vol. 4, número 1 Rio de janeiro, ABRASCO, 1999, pg. 24)
“Qualquer reflexão teórico-metodológica sobre a violência pressupões o reconhecimento de sua complexidade polissemia e controvérsia (Minayo & Souza, 1998), tornando-se premente compreender que, ao ser perpetrada por indivíduos, grupos e/ou instituições, ela pode se manifestar de múltiplas maneiras, inclusive as dissimuladas e ideologizadas, assumindo diferentes papéis sociais, sendo desigualmente distribuída, culturalmente delimitada e reveladora das contradições e formas de dominação.” (NUNES, Everaldo Duarte em Revista: Ciência e Saúde Coletiva. Vol. 4, número 1 Rio de janeiro, ABRASCO, 1999, pg. 36)